quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

THE PERKS OF BEING A PHILOSOPHER – Céu de Baunilha #1


Olá, meus caros. É por meio deste que venho informa-los de que vocês têm um cérebro. Sim, talvez você saiba disso, mas é sempre bom lembrar. O fato de você ser racional te dá uma enorme vantagem sobre os demais seres vivos. Sim, provavelmente se você fosse burro não sobreviveria com esses dentinhos chatos e frágeis ou essas unhas delicadas. Sem falar que suas patas não foram feitas pra correr mais rápido do que um predador nem mais rápido que uma presa. Até seus olhos te condenam: apontados pra frente como quem foge, como quem corre em linha reta, pois se olhar pra trás, morre.

Bom, eu considero esse um bom motivo pra você usar seu cérebro, um presente desses não se recebe todo dia e tem que ser valorizado. Pois bem, vamos pensar então. Colocar pra funcionar o nosso órgão responsável por todos os outros. Assim sendo, imagine-se num campo. Não de algum esporte, apenas um campo aberto, com grama verde a perder de vista e apenas uma, nada mais que uma árvore no seu campo de visão. Você se encontra embaixo dela.
    O céu sem nenhuma nuvem e você percebe que não consegue encontrar o Sol em parte alguma, mas mesmo sem Sol e sem nuvens, você vê o brilho da luz solar e sente o calor. E o céu tem uma coloração baunilha que você acha linda e muito intrigante. Como o céu cor de baunilha de alguma obra de arte famosa que você não lembra o nome. 
    De repente, como se sempre estivesse ali, você vê um saco de lixo do seu lado e, ao lado dele, uma flor. Você não consegue distinguir qual é a flor, mas ela é linda e tem a cor vermelha viva que certamente você notaria se ela estivesse ali antes. Claro, pois nesse momento, no seu mundo, existe apenas uma árvore, um gramado infinito, um saco de lixo e uma flor, iluminados pelo misterioso céu de baunilha deficiente de um Sol ou qualquer sinal de atmosfera.
    Você apanha a flor e olha para ela, tendo como plano de fundo o magnífico céu baunilha. É a coisa mais linda que seus olhos já contemplaram. Não que o amor não seja lindo, mesmo que você tenha até agora sentido apenas resquícios dele. Quem sabe até não se aventurou por sentimentos mais profundos e bonitos. Mas isso é natural. Tanto quanto uma folha rodopiando ao vento ou as ondas que um toque provoca na água.
     Você então percebe que eles foram feitos um para o outro e subitamente sente a mudança no ar. Uma brisa suave cobre sua face e você fecha os olhos para aproveitar. É como um suave toque da pele mais macia que já existiu acariciando sua face, então você viaja nos próprios pensamentos e a paz toma conta da sua mente. Você comete o erro de relaxar em território desconhecido e de repente as coisas mudam.
     O vento sopra forte repentinamente, como um tapa na sua face despreparada. Sua mão é tomada pela dor lancinante de espinhos e você se vê segurando uma flor sem vida, murcha e cheia de espinhos. Ela se desfaz como se nunca tivesse existido, mas deixa suas marcas. Ah, o sangue em suas mãos. Ao cair a primeira gota no gramado verde, tudo se transforma em natureza morta. Todo o gramado se transforma em uma terra seca e sem vida e a árvore se desfaz em cinzas. 


    Continua em breve.


~Jon




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