terça-feira, 1 de setembro de 2015

Pausa pra aceitação pessoal

FALAÊ GALERIS
   Hoje estou aqui para falar de um assunto que provavelmente não é recomendável falar porque sempre há a possibilidade de puxar tretas que não estão intrínsecas às competências de nosso blog que é deboísta, mas o bom de sermos deboístas é que o somos entre nós e se tem uma coisa que não temos aqui, essa coisa são regras e eu falo doquiêuquisé

Meu fãs, eu chegueeeeeeeeeeeeeeeeei, Yeah, muito obrigada
    Pois muito que bem, acho que é de conhecimento de vocês que grande parte (grande mesmo, quase toda) do nosso dia-a-dia é "controlado" pelo Mercado. Ou seja, somos movidos pelo e fazemos parte do Mercado. O Mercado nos é direcionado em alguma estância, somos tanto alvos quanto participantes dele. E ok, tanto faz as teorias sociais (tudo bem, não é tanto faz, elas são bem legais, mas o post não é sobre isso). Há alguns anos a mídia incentivadora do consumismo nos vendeu imagens do ideal e do belo que nós carregamos desde então, mas alguns movimentos vieram através das décadas tentando burlar esses ideais, pregando o amor próprio e a aceitação. Claro que isso não dava em nada, mas agora parece ser algo que ganha força.
  E qual a reação do Mercado com relação a isso? Claro que é apontar o dedo pra aceitação pessoal e dizer "ESSA IDEIA FOI MINHA, EU QUE APOIEI VOCÊS A SE AMAREM DESDE SEMPRE", com propagandas que colocam o cabelo cacheado/crespo como moda, turbantes (que carregam grande expressão negra) como tendência e o plus size acompanhado por uma placa gigante de NÓS SOMOS LEGAIS PRA CARALHO E INCLUSIVE DEIXAMOS VOCÊ SER UM POUQUINHO GORDA, COMPRE AQUI.
  Assim como no século passado em que o desenvolvimento sustentável virou etiqueta de preço e capa de revista, é hora do "plus size". Plus size cadiquê, claro, a palavra gorda arranca o seu rim fora. Porque uma mulher bonita não pode, em hipótese alguma, ser gorda. Bora usar outro termo só pra assegurar de não haver uma ilusão de que uma gorda pode ser bonita.
   Paro o post rapidamente aqui pra dizer que: Se você pensa em comentar alguma coisa machista/gordofóbica/falando que meu post é mimimi, antes de comentar, não comente. Eu não quero saber e ninguém se importa com o que tens a dizer. (Talvez você também não se importe com o que eu tenho a dizer, mas a diferença reside em: essa caceta desse blog é meu).



   Continuando:
   O motivo de eu estar fazendo esse post é, sobretudo, essa imagem

Modelo Ashley Graham
   Por que essa imagem é tão problemática a ponto de eu fazer um post sobre ela? Porque a Ashley deve ter manequim, no máximo, 46, e porque a propaganda está usando totalmente do tamanho dela pra dizer GALERA, A GENTE É LEGAL, PODE USAR NOSSO BIQUÍNI SIM, NÓS DEIXA. Puta merda. Sempre que vejo esse tipo de coisa, eu penso "por favor, vei, POR FAVOR, ao menos finge que se importa com a representatividade um pouquinho que seja". Por que a propaganda não poderia simplesmente ter a Ashley? A bandeira seria a mesma, uma mulher "plus" usando a marca. Por que a propaganda tem que ser totalmente focada no tamanho da modelo? Por que a Ashley tem que carregar a etiqueta de Plus Size? Por que ela não pode ser só chamada de modelo?
   Se ela fosse chamada de modelo, chocaria as pessoas. Modelo Plus Size pode. No currículo dela deve ter a frase "modelo um pouco maior do que as outras modelos recomendada para propagandas que vendam uma imagem mais bacana da marca".
   Nós fomos negadas, isoladas e não representadas durante décadas, e agora somos vendidas com coquetel. As pessoas têm raiva de nós e nem sabemos o porquê, riem de nós quando estamos em ambientes públicos, não existimos de maneira positiva na mídia, nos jogam às margens, sempre bamboleando entre o ridículo e o digno de pena. E nós lutamos contra isso. Lutamos contra o ódio dos outros e as vezes de nosso próprio, batalhamos pelo direito de usar uma regata ou um short sem que nos ofendam, olhamos todos os dias nos espelhos procurando cada vez mais fundo algo que nos permitam gostar em nós mesmas e, depois, aprendemos a nos amar, mesmo que não nos permitam. Pra quê? Pra industria fingir que foi responsabilidade dela. Pra uma propaganda dessa dizer que nós podemos usar o biquíni dela. Meu ahmor, eu posso usar o biquíni que eu quiser. Sabe por quê? Porque eu venci essa luta contra mim mesma e contra publicidades como a sua. Porque à sua marca, não me submeto. Porque eu me pertenço e por mim luto, pelo direito de ser e de viver, de me aceitar mesmo que ninguém me aceite e de ser feliz independente da sua marca dizer "agora pode".
   Recado dado.

~Gio

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